TRECHO EXTRAÍDO DE ENTREVISTA À REVISTA VEJA EM 28/01/1970
Veja - E como se faz para contar quem é Mazzaropi e o que ele pretende fazer daqui para a frente?
Mazzaropi - Conte minha verdadeira história, a história de um cara que sempre acreditou no cinema nacional e que, mais cedo do que todos pensam, pode construir a indústria do cinema no Brasil. A história de um ator bom ou mau que sempre manteve cheios os cinemas. Que nunca dependeu do INC - Instituto Nacional do Cinema - para fazer um filme. Que nunca recebeu uma crítica construtiva da crítica cinematográfica especializada - crítica que se diz intelectual. Crítica que aplaude um cinema cheio de símbolos, enrolado, complicado, pretensioso, mas sem público. A história de um cara que pensa em fazer cinema apenas para divertir o público, por acreditar que cinema é diversão, e seus filmes nunca pretenderam mais do que isso. Enfim, a história de um cara que nunca deixou a peteca cair.
Veja - Conte então sua história.
Mazzaropi - Quando eu comecei minha vida artística, muito pouca gente que vai ler esta história existia. Nasci em 1912, e na época em que comecei tinha uns 15 anos. Naquele tempo, o gênero de peças que fazia sucesso no teatro era caipira. E, como todo mundo, eu gostava de assisti-las. Dois atores, em particular, me fascinavam. Genésio e Sebastião de Arruda. Sebastião mais que Genésio, que era um pouco caricato demais para meu gosto. Nem sei bem por que, de repente, lá tava eu trabalhando no teatro. Mas não como ator - eu pintava cenários. Aliás, eu amava a pintura, sempre amei a pintura. Pois bem, um belo dia "perdi" o pincel e resolvi seguir a carreira de ator. No começo, procurei copiar a naturalidade do Sebastião, depois fui para o interior criar meu próprio tipo: caboclão bastante natural (na roupa, no andar, na fala). Um simples caboclo entre os milhões que vivem no interior brasileiro. Saí pro interior um pouco Sebastião, voltei Mazzaropi. Não mudei o nome (embora tivessem cansado de me aconselhar a mudá-lo) por acreditar não haver mal nenhum naquilo que eu ia fazer. Os amigos diziam que Mazzaropi não era nome de caipira, que era nome de italiano, mas eu respondia para eles que, se não era, iria virar. Que eu não tinha vergonha do que ia fazer e, por isso, ia fazer com meu nome. E o público gostou do meu nome, gostou do que eu fiz. Turnês em circos, teatros, recitando monólogos dramáticos, fazendo a platéia rir, chorar. Mas sempre com uma preocupação: conversar com o público como se fosse um deles. Ganhava 25 mil-réis por apresentação quando comecei, passei a ganhar bem mais quando montei a minha própria companhia. De nada adiantou a preocupação dos meus pais quando eu saí de casa: "quem faz teatro morre de fome em cima do palco". Eu fiz e não morri, pelo contrário, sempre tive sorte - sempre ganhei dinheiro. Mas eu era bom, era o que o público queria.
Em 1946, assinava um contrato na Rádio Tupi - onde fiquei oito anos. Em 1950, ia para o Rio de Janeiro inaugurar o canal 6, e começava minha vida na televisão . Um dia, num bar que havia pegado ao Teatro Brasileiro de Comédia, entrou Abílio Pereira de Almeida. A televisão estava ligada, o programa era o meu. Ele me viu. Uma semana depois e após uma série de testes me aprovava para fazer o meu primeiro filme: "Sai da Frente". Meu primeiro salário no cinema - 15 contos por mês. No segundo já ganhava 30, depois 300, hoje eu produzo meus próprios filmes. E o público, como no meu tempo de circo, vai ver um Mazzaropi que faz rir e chorar. Um Mazzaropi que não muda.
OBSERVAÇÕES DO MUSEU MAZZAROPI
Veja - E como se faz para contar quem é Mazzaropi e o que ele pretende fazer daqui para a frente?
Mazzaropi - Conte minha verdadeira história, a história de um cara que sempre acreditou no cinema nacional e que, mais cedo do que todos pensam, pode construir a indústria do cinema no Brasil. A história de um ator bom ou mau que sempre manteve cheios os cinemas. Que nunca dependeu do INC - Instituto Nacional do Cinema - para fazer um filme. Que nunca recebeu uma crítica construtiva da crítica cinematográfica especializada - crítica que se diz intelectual. Crítica que aplaude um cinema cheio de símbolos, enrolado, complicado, pretensioso, mas sem público. A história de um cara que pensa em fazer cinema apenas para divertir o público, por acreditar que cinema é diversão, e seus filmes nunca pretenderam mais do que isso. Enfim, a história de um cara que nunca deixou a peteca cair.
Veja - Conte então sua história.
Mazzaropi - Quando eu comecei minha vida artística, muito pouca gente que vai ler esta história existia. Nasci em 1912, e na época em que comecei tinha uns 15 anos. Naquele tempo, o gênero de peças que fazia sucesso no teatro era caipira. E, como todo mundo, eu gostava de assisti-las. Dois atores, em particular, me fascinavam. Genésio e Sebastião de Arruda. Sebastião mais que Genésio, que era um pouco caricato demais para meu gosto. Nem sei bem por que, de repente, lá tava eu trabalhando no teatro. Mas não como ator - eu pintava cenários. Aliás, eu amava a pintura, sempre amei a pintura. Pois bem, um belo dia "perdi" o pincel e resolvi seguir a carreira de ator. No começo, procurei copiar a naturalidade do Sebastião, depois fui para o interior criar meu próprio tipo: caboclão bastante natural (na roupa, no andar, na fala). Um simples caboclo entre os milhões que vivem no interior brasileiro. Saí pro interior um pouco Sebastião, voltei Mazzaropi. Não mudei o nome (embora tivessem cansado de me aconselhar a mudá-lo) por acreditar não haver mal nenhum naquilo que eu ia fazer. Os amigos diziam que Mazzaropi não era nome de caipira, que era nome de italiano, mas eu respondia para eles que, se não era, iria virar. Que eu não tinha vergonha do que ia fazer e, por isso, ia fazer com meu nome. E o público gostou do meu nome, gostou do que eu fiz. Turnês em circos, teatros, recitando monólogos dramáticos, fazendo a platéia rir, chorar. Mas sempre com uma preocupação: conversar com o público como se fosse um deles. Ganhava 25 mil-réis por apresentação quando comecei, passei a ganhar bem mais quando montei a minha própria companhia. De nada adiantou a preocupação dos meus pais quando eu saí de casa: "quem faz teatro morre de fome em cima do palco". Eu fiz e não morri, pelo contrário, sempre tive sorte - sempre ganhei dinheiro. Mas eu era bom, era o que o público queria.
Em 1946, assinava um contrato na Rádio Tupi - onde fiquei oito anos. Em 1950, ia para o Rio de Janeiro inaugurar o canal 6, e começava minha vida na televisão . Um dia, num bar que havia pegado ao Teatro Brasileiro de Comédia, entrou Abílio Pereira de Almeida. A televisão estava ligada, o programa era o meu. Ele me viu. Uma semana depois e após uma série de testes me aprovava para fazer o meu primeiro filme: "Sai da Frente". Meu primeiro salário no cinema - 15 contos por mês. No segundo já ganhava 30, depois 300, hoje eu produzo meus próprios filmes. E o público, como no meu tempo de circo, vai ver um Mazzaropi que faz rir e chorar. Um Mazzaropi que não muda.
OBSERVAÇÕES DO MUSEU MAZZAROPI
(1) Após realizar seu último filme pela Cinedistri, Chico Fumaça, de 1956, Mazzaropi já era famoso no cinema nacional e resolveu que estava na hora de investir em si mesmo. Isso porque via as grandes filas no cinema e eram, geralmente, os donos das produtoras que sempre ganhavam muito dinheiro.
O sucesso de Chico Fumaça fez com que Mazzaropi comentasse com sua mãe, Dona Clara, que o proprietário da companhia Cinedistri, sr. Massaini, ganhara muito dinheiro com o sucesso dos filmes em que ele participara e pediu para que ela o apoiasse num investimento que pretendia fazer.
Ele queria produzir um filme, mas para levar seu projeto adiante não hesitou em se desfazer dos seus bens: dois carros Chevrolet americanos, terrenos, economias bancárias e perguntou ao seu filho de criação, Péricles Moreira, se fosse necessário, se ele não se importaria em trocar o colégio particular por um colégio estadual. Mazzaropi ficou apenas com o terreno do Itaim Bibi.
Em 1958, consegue produzir seu primeiro filme, Chofer de Praça. Não foi fácil, no início teve que alugar os estúdios da Cia. Vera Cruz para as gravações internas e as filmagens externas foram rodadas na cidade de São Paulo com os equipamentos alugados da Vera Cruz. Estava inaugurada a PAM Filmes - Produções Amácio Mazzaropi.
(2) Na verdade, em setembro de 1950, Mazzaropi, com 38 anos, estreava na TV Tupi de São Paulo o mesmo show que tinha sido sucesso durante muito tempo na Rádio Tupi: Rancho Alegre - o programa era ao vivo, todas as quartas, às 21 horas.
Quatro meses depois, janeiro de 1951, Mazzaropi é convidado para a inauguração da TV Tupi no Rio de Janeiro. No alto do Pão de Açúcar, onde se achava instalada a torre transmissora, acontece a grande festa com a presença do Presidente, General Eurico Gaspar Dutra.
A apresentação do show inaugural coube a Luis Jatobá, primeiro locutor da Tupi carioca.
Mazzaropi também passou pela TV Excelsior fazendo parte de um programa de sucesso na época, apresentado por Bibi Ferreira, Brasil 63.
FILMES DE MAZZAROPI
O sucesso de Chico Fumaça fez com que Mazzaropi comentasse com sua mãe, Dona Clara, que o proprietário da companhia Cinedistri, sr. Massaini, ganhara muito dinheiro com o sucesso dos filmes em que ele participara e pediu para que ela o apoiasse num investimento que pretendia fazer.
Ele queria produzir um filme, mas para levar seu projeto adiante não hesitou em se desfazer dos seus bens: dois carros Chevrolet americanos, terrenos, economias bancárias e perguntou ao seu filho de criação, Péricles Moreira, se fosse necessário, se ele não se importaria em trocar o colégio particular por um colégio estadual. Mazzaropi ficou apenas com o terreno do Itaim Bibi.
Em 1958, consegue produzir seu primeiro filme, Chofer de Praça. Não foi fácil, no início teve que alugar os estúdios da Cia. Vera Cruz para as gravações internas e as filmagens externas foram rodadas na cidade de São Paulo com os equipamentos alugados da Vera Cruz. Estava inaugurada a PAM Filmes - Produções Amácio Mazzaropi.
(2) Na verdade, em setembro de 1950, Mazzaropi, com 38 anos, estreava na TV Tupi de São Paulo o mesmo show que tinha sido sucesso durante muito tempo na Rádio Tupi: Rancho Alegre - o programa era ao vivo, todas as quartas, às 21 horas.
Quatro meses depois, janeiro de 1951, Mazzaropi é convidado para a inauguração da TV Tupi no Rio de Janeiro. No alto do Pão de Açúcar, onde se achava instalada a torre transmissora, acontece a grande festa com a presença do Presidente, General Eurico Gaspar Dutra.
A apresentação do show inaugural coube a Luis Jatobá, primeiro locutor da Tupi carioca.
Mazzaropi também passou pela TV Excelsior fazendo parte de um programa de sucesso na época, apresentado por Bibi Ferreira, Brasil 63.
FILMES DE MAZZAROPI
1952 - pbator
Sai da Frente
1952 - pbator
Nadando em Dinheiro
1953 - pbator
Candinho
1955 - pbator
A Carrocinha
1956 - pbator
O Gato de Madame
1956 - pbator
Fuzileiro do Amor
1957 - pbator
O Noivo da Girafa
1958 - pbator
Chico Fumaça
1958 - pbprodutor, roteirista, argumentista, ator
Chofer de Praça
1959 - pbprodutor, roteirista, argumentista, ator
Jeca Tatu
1960 - pbdiretor, produtor, ator
As Aventuras de Pedro Malasartes
1960 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
Zé do Periquito
1961 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
Tristeza do Jeca
1962 - pbprodutor, argumentista, ator
O Vendedor de Lingüiça
1963 - pbprodutor, argumentista, ator
Casinha Pequenina
1964 - pbprodutor, ator
O Lamparina
1964 - corprodutor, roteirista, ator
Meu Japão Brasileiro
1965 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
O Puritano da Rua Augusta
1966 - pbprodutor, argumentista, ator
O Corinthiano
1967 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
O Jeca e a Freira
1968 - cordiretor, produtor, roteirista, ator
No Paraíso das Solteironas
1969 - corprodutor, argumentista, roteirista, ator
Uma Pistola para Djeca
1970 - corprodutor, argumentista, ator
Betão Ronca Ferro
1972 - corprodutor, argumentista, ator
O Grande Xerife
1973 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Um Caipira em Bariloche
1973 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Portugal Minha Saudade
1974 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
O Jeca Macumbeiro
1975 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Jeca Contra o Capeta
1977 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
Jecão...Um Fofoqueiro no Céu
1978 - corprodutor, argumentista, ator
Jeca e o seu Filho Preto
1979 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ato
A Banda das Velhas Virgens
1980 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
O Jeca e a Égua Milagrosa
Sai da Frente
1952 - pbator
Nadando em Dinheiro
1953 - pbator
Candinho
1955 - pbator
A Carrocinha
1956 - pbator
O Gato de Madame
1956 - pbator
Fuzileiro do Amor
1957 - pbator
O Noivo da Girafa
1958 - pbator
Chico Fumaça
1958 - pbprodutor, roteirista, argumentista, ator
Chofer de Praça
1959 - pbprodutor, roteirista, argumentista, ator
Jeca Tatu
1960 - pbdiretor, produtor, ator
As Aventuras de Pedro Malasartes
1960 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
Zé do Periquito
1961 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
Tristeza do Jeca
1962 - pbprodutor, argumentista, ator
O Vendedor de Lingüiça
1963 - pbprodutor, argumentista, ator
Casinha Pequenina
1964 - pbprodutor, ator
O Lamparina
1964 - corprodutor, roteirista, ator
Meu Japão Brasileiro
1965 - pbdiretor, produtor, argumentista, ator
O Puritano da Rua Augusta
1966 - pbprodutor, argumentista, ator
O Corinthiano
1967 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
O Jeca e a Freira
1968 - cordiretor, produtor, roteirista, ator
No Paraíso das Solteironas
1969 - corprodutor, argumentista, roteirista, ator
Uma Pistola para Djeca
1970 - corprodutor, argumentista, ator
Betão Ronca Ferro
1972 - corprodutor, argumentista, ator
O Grande Xerife
1973 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Um Caipira em Bariloche
1973 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Portugal Minha Saudade
1974 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
O Jeca Macumbeiro
1975 - cordiretor, produtor, argumentista, ator
Jeca Contra o Capeta
1977 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
Jecão...Um Fofoqueiro no Céu
1978 - corprodutor, argumentista, ator
Jeca e o seu Filho Preto
1979 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ato
A Banda das Velhas Virgens
1980 - cordiretor, produtor, argumentista, roteirista, ator
O Jeca e a Égua Milagrosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário