O mundo é um palco onde imitamos a arte baseada na vida. Não sabemos onde esta história nasceu. Podemos fazer uma suposição, como qualquer busca por passagens milenares. O que temos de palpável, é o teatro Grego, pois chegam inteiros aos nossos dias muitos textos da fase áurea da arte Helênica.
No entanto costumamos imaginar o teatro como uma arte anterior à fala, como a mímica, que poderia ser usada para as expressões da idade da pedra, ou até antes mesmo, e também para rituais religiosos, como danças e representações de divindades e espíritos.
Já na Grécia antiga, nos ritos anuais deus Dionísio (Baco, para os latinos), encenavam tragédias e cânticos entoados num coro, liderados pelo solista, ou corifeu. Numa destas, um solista chamado Tépsis, que é considerado o primeiro ator, introduziu as mascaras para diferenciação das cenas, ou trágicas, ou cômicas, pois já se reunia tanta gente, que ouvir o texto ficava complicado.
Com o cristianismo o teatro tomou ares pagãos, sendo quase extinto. Os poucos atores que usavam opor-se e continuar com as encenações encontravam dificuldades para conseguirem patrocínios, e viviam á margem da sociedade, ou empregados com reis ou ricos aristocratas. As mulheres eram proibidas de atuar.
O renascimento do teatro deu-se ironicamente pelas mãos dos carrascos, na era medieval. Os cristãos representavam a ressurreição de cristo e mais tarde usariam encenações para doutrinar os povos Americanos. O primeiro texto considerado Brasileiro “O auto da festa de São Lourenço”, de autoria do Padre José de Anchieta, usado para doutrinar índios misturando Português, Tupi-Guarani e Espanhol. Esses fatos marcam o nascimento do teatro no Brasil. Que na seqüência encenam autos e mais autos doutrinantes, textos bajuladores de governantes, textos europeus, mostrando uma face colonialista.
O despertar da identidade do teatro nacional acontece na primeira metade do século XIX, no reinado de D. Pedro I, quando surge o ator João Caetano dos Santos, estrelando Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves de Magalhães, no primeiro texto de conteúdo local. Anos depois Martins Pena se revela com o texto O Juiz de Paz na Roça sendo considerado o Moliére Brasileiro.
No final do século XIX, começa a se introduzir inovações cenográficas, iluminação elétrica e elevadores hidráulicos. Uma mudança considerável e seqüencial para mudar de vez as concepções técnicas e figurinisticas, com apuro e realismo, mudando conceitos de atores e autores, abrindo um leque de variedade e estilos que convivem em paralelos. As mudanças de estilos revelam um teatro mais moderno e as idéias de Bertolt Brecht, moldam esta nova fase, segundo ele, ator e personagem precisariam separar as personalidades restando para o ator conscientizar-se no fato encenado. Ainda segundo Brecht, cabe ao ator, não dar ares realistas aos personagens e cenograficamente preparado para o publico não identificar nada do mundo real.
No século XX, Leopoldo Fróes, funda em 1908 a primeira companhia de teatro brasileira cortando de vez os laços coloniais. Em 1948 surge o TBC – Teatro Brasileiro da Comédia – capitaneado pelo industriário italiano Francisco Zampari, um verdadeiro marco do teatro Brasileiro. A partir de então a cena teatral brasileira vai se ramificando em inúmeras outras companhias importantes.
Com o advento da tv, imaginou-se um esvaziamento dos teatros, mas aconteceu uma maior popularização, e hoje, o teatro fomenta as teledramaturgias com atores, que colabora para divulgação das artes nos palcos.
Dicas de leitura:
- TBC - Crônica de um Sonho, de Alberto Guzik (Editora Perspectiva)
- Cem Anos de Teatro em São Paulo, de Sábato Magaldi e Maria Thereza Vargas (Editora Senac)
- Pequena História do Teatro no Brasil, de Mário Cacciaglia (EDUSP)
- Panorama do Teatro Brasileiro, de Sábato Magaldi (Editora Global)
- Le Théâtre Arena (São Paulo 1953-1977)- Du "théâtre en rond" au "théâtre populaire", de Richard Roux, Aix-en-Provence, Université de Provence, 1991, 2 vol., 758 p.
- Le théâtre brésilien. In : CORVIN, Michel, Dictionnaire encyclopédique du théâtre, Paris, Bordas, 1e éd.1991 ; 2e éd. 1995 (entrées corrigées) ; Paris, Larousse, 3e éd.: 1998 (entrées corrigées et augmentées) ; Paris Hachette, 4e éd : 2007 (entrées augmentées).
Um breve relato histórico do teatro, pela passagem do dia Internacional dia 27 de Março.
Fonte: Wikipédia