Trabalhar
Todo o dia útil
é sempre o mesmo ritual
há alguns anos.
Acordar no toque sutil
do despertador nada casual
e me enrolar em panos.
Correr até a parada
e esperar o mesmo coletivo
que costuma atrasar.
No ônibus, apertada
pensar em qual será o motivo
para o atraso justificar.
No trabalho, estar pronta
para o chefe de boa pinta
e a colega com dor de cabeça.
Na minha frente, muitas contas,
papéis e um carimbo sem tinta
e memorandos sobre a mesa.
O relógio anuncia o meio-dia
e todos correm para seus lares
ou para comer um PF na esquina.
É preciso muita fome e maestria
para agradar tantos paladares
e, início da tarde, voltar à rotina.
E o tempo passa sempre devagar
e deixa agoniados e ansiados
os milhões de trabalhadores.
E os meses demoram a passar
incentivando os empregados
a misturar bebida e dores.
Quando recebe o pagamento
é a corrida para cobrir o negativo
e diminuir a incidência dos juros.
O assalariado sobrevive no tempo
com carnês e mais demonstrativos
de que lhe deixam triste e inseguro.
Mas quem não precisa trabalhar ?
Quem nasceu em berço dourado?
Quem pode viver de rendimentos ?
É melhor lutar, brigar e até suar
para ter um dinheirinho guardado
e equilibrar-se nos vencimentos.
Márcia Fernanda Peçanha Martins
sábado, 3 de maio de 2008
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