Seguidores

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral

Os livros que não estão no meu blog (*)
Depois que virei celebridade e tive parte de minha vida pessoal e profissional retratada no perfil aqui do Coletiva, quase não encontro tempo para os prazeres diários. Até para jornal on line de São José dos Campos (São Paulo) já dei entrevista e com matéria na capa. Tipo assim, “tá podendo”, compreendem? E, como todo famoso que se preze, resolvi criar um blog que não tem nada ou quase nada a ver com jornalismo. É, como sugeriu a moderadora da comunidade “Poemas À Flor da Pele”, espaço no Orkut que comemora dois anos no dia 29, um baú de emoções. No blog, o leitor nauta encontra poemas de amor e desamor, textos de outros autores devidamente identificados, colunas minhas inéditas ou não e outros desabafos.

Como planejei deixá-lo de um jeito mais atrativo, aos poucos, no meio de um pedido de entrevista e outro e ensaiando algumas poesias que pretendo dizer na festa da “Poemas à Flor da Pele”, no dia 29, no John Bull Pub (Shopping Total), vou inserindo tags que considero interessantes no blog. Foi aí que me encontrei num beco sem saída ou talvez num blog sem saída. Queria colocar uma lista de filmes, músicas e livros que recomendaria aos visitantes do meu espaço virtual. E, pasmem. Não consegui ir adiante. Há uns seis dias que abro o tag, a princípio, apelidado de recomendados, mas receberá um nome de batismo mais criativo, e listo filmes que indico, músicas que ouço zilhões de vezes e fico paralisada nos livros.

Impossível selecionar, no máximo, dez livros para não estender muito a tela do blog e torná-lo cansativo. Como posso sugerir que o visitante do meu blog leia apenas um dos tantos livros que já passaram pelas minhas mãos e abrilhantaram meu olhar curioso? É complicado, hein? Não lembro qual o primeiro livro que chegou às minhas mãos na infância. Mas sei que gostei de manusear o manuscrito e desde então, vivemos uma parceria constante. Uma recordação que marcou foi o prazer que senti quando pude, pela primeira vez, desfilar pelas bancas na Praça da Alfândega, em alguma edição da Feira do Livro, e comprar lançamentos, produtos nos balaios e acadêmicos com o meu próprio dinheiro.

Da infância, lembro-me perfeitamente do dia em que presenteei a minha filha Gabriela Martins Trezzi com o seu primeiro livro. Era uma daquelas publicações especiais para as mãos tagarelas das crianças que começavam a aprender a falar. Gabriela tinha completado dois anos e dizia “mamãe Mátia”, “pacaco” para o ato de fazê-la dormir, “aifel” quando chamava o primo Rafael e “Dedédido”, primeira palavra que ela proferiu demonstrando seu amor incondicional ao meu irmão, seu padrinho, hoje nosso anjinho da guarda. Ela, na realidade, emitia sons. E seus olhos claros saltaram para os grandes desenhos que o livro lhe apresentava. Figuras pueris de frutas, legumes, verduras, crianças tomando banho, escovando os dentes e outras tarefas.

Sabem qual são os dois locais preferidos da minha filha hoje em um shopping? Pela ordem, livraria e revistaria. Não que ela compre algo sempre que freqüenta um deles, mas toda vez diz que folheia e anota algum para adquirir quando tiver dinheiro sobrando ou ganhar de presente. E, além da obrigação de ler pelo menos um livro por mês exigido pelo colégio, ela faz listas daqueles que pretende comprar. Um dia destes, foi passar a tarde na casa de uma amiga e voltou com um livro de mais de 600 páginas. No mesmo dia, começou furiosamente a devorar o livro e já acertou com a amiga depois pegar outros da mesma coleção. E, como um imã, estamos morando ao lado de uma livraria, onde ela encomenda os exemplares mais raros.
Como hoje, quarta-feira, é comemorado o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, entendi que seria adequado a coluna tratar do assunto, mostrando como o livro impresso, apesar de toda tecnologia, ainda é um elemento de paixão e intrigantes ligações. Aliás, quem disse que a informática iria encurtar a vida útil dos livros impressos? Preocupada em dar nome aos donos das músicas, pensamentos e poemas que utilizo nas minhas colunas, sempre respeitando o direito autoral, informo que Bill Gattes (o próprio) disse que os seus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. “Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história”, profetizou o magnata da informática.

Talvez, no pensamento do poeta Mário Quintana resida a minha dificuldade em selecionar poucos livros para postar no meu blog. Ele escreveu que o livro é uma dupla delícia, já que traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado. Quem sabe o meu lado geminiano egoísta não esteja, justamente, evitando de dividir com os visitantes do meu blog companheiros que adoro como Neruda, Ruy Castro, Gabriel Garcia Lorca, Lya Luft, Luis Fernando Verissimo, Mário Vargas Llosa, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Caco Barcellos e os poetas, que são tantos. E, pegando emprestado do Quintana, concluo que o verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê.

Márcia Fernanda Peçanha Martins, publicado no site www.coletiva.net

Nenhum comentário: