Retorno de uma turnê de quase quinze dias pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, passando por cidades ausentes nos Atlas. Longe da civilização, pois, é de difícil acesso, poucas com sinal de celular, e Internet então é melhor esquecer. Levo destes lugares mais imagens do que textos, e hospitalidade, que tamanha, chega assustar quem vem de longe. Acostumados que estamos com estes modismos “modernosos”, pensando serem eles a essência da civilização. O que nos leva a pensar: O que seria civilização?
Refém deste mundo cibernético, não imaginamos pessoas vivendo antes do ENIAC. Então o big-bang se deu na década de noventa, no Brasil pelo menos, com a chegada do Celular e da Internet. Perdemos o respeito pelos semelhantes e pelos diferentes. Passeando pelas ruas escuras de qualquer uma destas cidades, poderíamos ver cadeiras, redes estendidas e outros bens, sem muro, ou com um muro bem baixinho. Não seria um principio básico de civilidade, respeito pelo outro?
Começamos pela cidade de São Luiz Gonzaga – RS, terra do poeta Jayme Caetano Braun, aonde chegamos á noite de domingo, e apresentamos numa manhã chuvosa, sem incidentes, e logo já estava um dia ensolarado. Desde a chegada tivemos problemas com a Internet. O famoso wireless que não configurava, e apenas o computador central do hotel conectava a rede por cabos, isso até chamarem um técnico, depois disso nem esse mais conectava.
Em Dezesseis de Novembro – RS um comerciante vangloria-se de deixar seu estoque no lado de fora do mercado sob uma cobertura, perguntando se de onde viemos pode-se fazer isso. Respondo:
- Poder pode, não vai encontrar no outro dia, mas pode deixar tranqüilamente.
Impressionante para uns, mas devido à proximidade com a Argentina, conseguimos nesta cidade cerveja de litro.
Depois chegamos a Roque Gonzáles – RS na quarta-feira, arrumamos um posto de combustíveis onde transmitiriam o jogo sofrível do Grêmio pela copa do Brasil, a imagem da tv estava à altura do jogo. Para melhorar só a existência de um cyber, para não dar erro na conexão.
Na quinta-feira, para vanglorio de um único secador, chegamos de cabeça inchada a São Pedro do Butiá, cidade onde morava minha mãe que sempre cobrava uma apresentação de um espetáculo de bonecos por lá, e eu fui, um dia depois dela ter se mudado da cidade.
Na sexta-feira, fomos á uma cidade que contraria as demais. Aquele velho ditado de cidades pequenas, uma praça, a igreja, a prefeitura, e o foro, ali em Rolador – RS não tem dessa não, para começar não há a famosa praça. Aqui somos surpreendidos pela educação das pessoas. Parecia não ter publico, tal era o silêncio e atenção dispensados ao espetáculo, visto que na maioria das cidades até agora quase ninguém tinha visto teatro de bonecos, ou como querem os manipuladores, teatro de formas animadas.
Retornamos a noite, brindando o fim da primeira parte da turnê “Pregando Peça Para Diminuir as Diferenças”, com as Budweiser compradas em Dezesseis de Novembro e Roque Gonzalez. Com uma breve pausa continuamos na noite de domingo rumo a Santa Catarina.
Na segunda-feira da segunda semana do projeto patrocinado pela Eletrosul, tivemos pela frente a platéia mais mal educada de toda a turnê, ainda que o local fosse pouco propício para um evento como este, e a platéia da cidade dita mais civilizada, por ser uma das maiores do circuito e com wireless funcionando, não colaborou em nada. De Braço do Norte – SC, partimos para dois dias sem celular, até agora tínhamos passado só um dia sem essa obra da civilização moderna.
Em Rio Fortuna – SC um exemplo de receptividade, e de boa educação, o grupo foi reunido para um bate bola com as garotas e depois os garotos da escola Nossa Senhora de Fátima. As belas paisagens são um espetáculo à parte.
Na quarta-feira para encerrar, vamos até Santa Rosa de Lima - SC, lugar agradável com pessoas legais, mas acesso difícil, mas está melhorando, com as obras das novas hidrelétricas da Eletrosul, necessitou de melhorias nas vias de acesso, e logo com o asfalto chegando, estará perfeito.
Voltamos aprontando todas em Sombrio – SC, desta vez brindamos sem Budweiser, já que não encontramos por lá, então vai uma boa e velha água sem gás.
Depois rumamos para a famosa civilização da idade da pedra, de exploração e exclusão de seres semelhantes, pessoas jogadas nas ruas, pedintes, crimes, roubos, assassinatos... bem vindos a selva.
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