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domingo, 21 de setembro de 2008

Dia do Teatro, 19 de setembro



Quem não gosta de teatro? De assistir às peças e de participar delas também? Pois é, hoje se comemora o Dia do Teatro, uma arte muito antiga, que nasceu da necessidade de comunicação entre os homens, porque, desde o tempo das cavernas, os homens imitavam os animais para contar sobre suas caçadas.
Mais tarde, as encenações foram usadas para louvar os deuses. E foram os gregos que inventaram o teatro como o conhecemos, com atores e espaços especiais para as peças serem encenadas. Os atores gregos usavam máscaras para representar os papéis femininos, porque, antigamente, as mulheres não podiam atuar.
Hoje em dia, temos muitas formas de fazer teatro - como o teatro de bonecos, de sombras, as óperas, o teatro de rua, musicais e teatros em espaços alternativos. O importante é entrar no clima e contar a história com toda a emoção e a empolgação que uma peça merece.


O TEATRO E SUA ORIGEM


Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos dizer que o teatro nasceu na Antiga Grécia, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Não se pode negar que a cultura oriental é muito consistente, mas, embora o Oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.
Percebe-se, porém, que a Grécia Antiga herdou esses rituais. Entretanto, não podemos negar que foi justamente nesse país que esses primitivos rituais, foram, ao longo dos anos, se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais, até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, a qual conhecemos hoje.
Quanto ao termo, Magaldi (1986) enfoca que: “a etimologia grega de teatro dá ao vocábulo o sentido de miradouro, lugar de onde se vê”, entendendo-se desta maneira, que o sentido primitivo da palavra teatro estava relacionado estritamente com a idéia de visão.
O teatro originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas - Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto a Dionísio. Sendo que esta última é a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados. Sabe-se que uma vez por ano, justamente por ocasião das vindimas, prestavam-se homenagem ao deus Dionísio; deus da uva e do vinho, da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais precisamente um bode, que por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra Tragédia. Comumente ao som da música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos que imitavam bodes, que, para a cultura grega da época, significavam os companheiros do deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregavam-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem notadamente origem religiosa e campestre.
Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado ditirambo. Para Boal (1983), “teatro era o povo cantando livremente ao ar livre: o povo era o criador e o destinatário do espetáculo teatral, que se podia então chamar “canto ditirâmbico”, e assim giravam em torno do altar do deus, agradecendo pela colheita da uva, e pelo sexo que significava a fertilidade da vida. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo, que nasceram a Tragédia e a Comédia.
Em seguida o coro separou-se do recitador, nesse momento crucial da história do teatro havia nascido o primeiro ator. Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a atuação. Nesse caso, à frente vinha o Corifeu - de onde surge a palavra Coro - vestido com pele de bode, e todo o resto do grupo respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e do cômico.
E assim constituiu-se a Tragédia: o ator e o coro se respondem cantando, em seguida, o ator fala e o coro canta, e posteriormente o ator dialoga com o Corifeu, representante do coro. Vale salientar que nesse momento embrionário da Tragédia não havia atos nem intervalos, sendo a mesma composta de partes dialogadas e partes faladas.
Poderíamos fazer aqui uma relação com o Círio de Nazaré, quando todos os anos, numa determinada época, o povo se reúne para louvar a sua Santa (deusa) Virgem de Nazaré, neste caso, com características próprias de uma cultura contemporânea de início do século XXI. É interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos semelhantes existem entre essas duas manifestações religiosas, como por exemplo: o vigário tomando o lugar do Corifeu, quando diz uma estrofe de uma oração, e o povo respondendo conseqüentemente, representando o coro.
Os três grandes trágicos gregos foram: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Théspis foi o criador do teatro ambulante, o qual conhecemos hoje como teatro mambembe, mas infelizmente todos os seus textos se perderam. Também foi ele quem inventou as máscaras. Representava seus papéis trágicos inicialmente pintando o rosto com matéria-prima da época, depois cobrindo o rosto com folhas de árvores, em seguida introduziu o uso de verdadeiras máscaras.
Chegou um momento em que o Estado tomou para si a organização do teatro na Antiga Grécia, onde instituiu concursos entre os poetas dramáticos - mais conhecidos atualmente como dramaturgos - contudo, este intento objetivava não somente divertir a população, mas por outro lado, servia também como um meio de propaganda política e ideológica, visto que na época “os tiranos empregam a arte não só como meio de adquirir glória y como instrumento de propaganda, mas também como ópio para aturdir seus súditos”, Hauser (1968). Em conseqüência, o povo imediatamente acolheu essa forma artística, que se tornou milenar no momento atual da história do homem.


Autor: Romualdo Rodrigues Palhano

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