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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Centenário da morte de Machado de Assis

Um pouco da obra de Machado (*)
Passados cem anos de sua morte, Machado de Assis ainda é o grande divisor de águas da literatura brasileira. A importância do conjunto de sua obra -sobretudo os romances e os contos, embora também tenha feito poesia e crônica- só vem aumentando. No início de sua carreira, Machado de Assis foi representante da escola romântica, em cujo gosto se formou. E romances como "Helena", de 1876, ou "Iaiá Garcia", de 1878, confirmam o viés do romancismo, pois têm seus enredos sentimentais, com protagonistas talhados para o papel de herói.
Mas a ruptura com corrente literária ocorreria com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", escrito em 1881. Nessa obra, Machado de Assis desloca o eixo de força de sua prosa ao tirar o peso da fabulação (os enredos sentimentais) e acentuar o papel do narrador, que se tratava de um defunto. O tom irônico adotado a partir daí começa a impregnar-se em sua obra, onde Machado de Assis exibe as fraturas e contradições da sociedade carioca: moderna na fachada (atenta aos modos da burguesia parisiense) e arcaica, na estrutura.

Esse período de sua produção - que se convencionou chamar de "segunda fase" - atinge seu ápice com "Dom Casmurro" (1900). Os recursos formais se depuram, e o leitor passa a acompanhar a ação sob a ótica de Bentinho, o protagonista. As incertezas, marcas de classe, opressões e a dúvida insolúvel sobre se Capitu o teria ou não traído são construídas a partir do ponto de vista de Bentinho, bastante instável.
Em seus contos, Machado também se mostrou exímio. A inversão dos pontos de vista - para criticar as idéias positivistas - também é a chave para entender "O Alienista" (1881). Nele, o doutor Simão Bacamarte solta os loucos do hospício e, no lugar, trancafia a boa gente da vila de Itaguaí - até, finalmente, trancar apenas a si próprio, para entregar-se "ao estudo e à cura de si mesmo". Já em "Missa do Galo" (1894), chama a atenção a forte ambientação, que combina, com raro domínio, recato e sensualidade.


estátua de Machado de Assis no Rio de Janeiro

Cronologia da vida do escritor
1839 - Em 21 de junho, no Rio, nasce Joaquim Maria Machado de Assis, filho de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis.
1849 - Morre sua mãe, Maria Leopoldina Machado de Assis.
1854 - Seu pai, Francisco José de Assis, casa-se com Maria Inês da Silva.
1855 - Publicação de seu primeiro poema, "Ela", na revista "Marmota Fluminense".
1856 - Começa a trabalhar como aprendiz de tipógrafo, na Tipografia Nacional.
1858 - Trabalha como revisor na Livraria Paula Brito. Escreve para "O Paraíba", em Petrópolis.
1859 - Estréia como crítico teatral na revista "O Espelho".
1860 - Início de sua colaboração no "Diário do Rio de Janeiro".
1862 - Começa sua atuação como censor do Conservatório Dramático Brasileiro.
1863 - Publicação de "Teatro de Machado de Assis" com as comédias "O Protocolo" e "O Caminho da Porta".
1864 - Publicação de seu primeiro livro de poesia, "Crisálidas". Morre seu pai.

1867 - Machado de Assis recebe de D.Pedro II a Ordem da Rosa.
1868 - José de Alencar apresenta Castro Alves a Machado de Assis por meio de carta publicada no "Correio Mercantil".
1869 - Casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novaes, em 12 de novembro.
1870 - Inicia a tradução de "Oliver Twist", de Charles Dickens, no "Jornal da Tarde".
1872 - Publicação do romance "Ressurreição".
1873 - Publica "Histórias da Meia-Noite". Nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras.
1874 - Em "O Globo", inicia a publicação de "A Mão e a Luva".
1876 - Promovido a chefe da Seção da Secretaria de Agricultura, publica o romance
"Helena".

1878 - Publica, em "O Cruzeiro", o romance "Iaiá Garcia". Por motivo de doença nos olhos, vai para Friburgo e retorna em março do ano seguinte. 1880 - Dá início a publicação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", na "Revista Brasileira". Nomeado oficial do gabinete do ministro da Agricultura.
1881 - Passa a colaborar efetivamente na "Gazeta de Notícias".
1882 - Publica o livro de contos "Papéis Avulsos".
1883 - Eleito membro da Associação dos Homens de Letras do Brasil.
1884 - Publica o livro de contos "Histórias Sem Data".

1886 - Início da publicação do romance "Quincas Borba" em "A Estação".
1891 - Morre sua madrasta, Maria Inês da Silva. Publica em volume o romance "Quincas Borba".
1894 - Faz parte da comissão em favor do monumento a José de Alencar.
1895 - Inicia sua colaboração na "Revista Brasileira".
1896 - Publica "Várias Histórias". Ajuda a fundar a Academia Brasileira de Letras.
1897 - É eleito presidente da Academia Brasileira de Letras.
1898 - Escreve seu primeiro testamento, nomeando Carolina herdeira única.
1899 - Publica "Dom Casmurro" e "Páginas Recolhidas". É firmado o contrato de venda de sua obra para François Hippolyte Garnier. Os livros são: "Páginas Recolhidas", "Dom Casmurro", "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba", "Iaiá Garcia", "Helena", "Ressurreição", "A Mão e a Luva", "Papéis Avulsos", "Histórias Sem Data", "Histórias da Meia-Noite", "Contos fluminenses", "Americanas", "Falenas" e "Crisálidas".1904 - Publicação do romance "Esaú e Jacó". Morre sua mulher, Carolina.1908 - Em junho, entra em licença, no Ministério da Viação, para tratamento de saúde. Em 29 de setembro, morre de arteriosclerose.
(*com informações da Folha Online)

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